Sofria Bullying na infância por causa disso
Recentemente uma paciente me falou que tinha vergonha de transar de luz acesa.Não muda a roupa em frente ao parceiro. Que morria de vergonha da região que marcava muito na calcinha. Conhece alguém assim?
Geralmente quando chega esse tipo de questionamento eu ligo meu alerta. Esses são alguns indicadores que devem ser analisados com cuidado, pois muitas mulheres sofrem desde a infância com situações que podem parecer corriqueiras
Vou contar um caso de uma paciente para que vocês entendam bem do que eu estou falando… era uma moça de menos de 25 anos que chegou no meu consultório querendo informações sobre cirurgia íntima, e como de costume perguntei a ela o que incomodava e a resposta foi que ela achava os grandes lábios dela enormes, e tinha muita vergonha na hora do sexo, então pedi para examina-la e para minha surpresa os lábios dela na verdade eram muito pequenos, inclusive bem menores do que o normal, então procurei entender o motivo dela acha-los desproporcionais. Esse tipo de transtorno desproporcional é bem comum e geralmente é relacionado ao peso. E adivinha de onde veio esse trauma?
Tratava-se de bullying que ela havia sofrido na infância, e pasmem, da própria mãe! A mãe falava que a região íntima dela era feia, gorda, horrível, e ela levou isso para a vida.
Conversei com ela, mostrei fotos de cirurgia onde realmente havia um excesso, e isso ajudou um pouco, porém na cabeça dela algo precisava ser mexido pois quando a pessoa tem um transtorno dismórfico (ela vê algo mesmo que não exista, na cabeça dela há uma distorção da realidade) e meu trabalho acabou sendo um pouco mais psicológico com ela, pois mesmo mostrando resultados de mais de 8 anos atuando em estética íntima ela não se convencia. Então encaminhamos para o atendimento psicológico.
Esse caso me surpreendeu pois leva a reflexão de que muitas vezes na frente da criança são feitos comentários, falando coisas, que às vezes não foram feitos nem por maldade, mas marcam profundamente a pessoa envolvida. Por isso é necessário um olhar atento e um cuidado quando falamos com nossos filhos.
Tira a mão dai, fecha as pernas, senta que nem moça, cuidado que você vai ficar mal falada, são frases corriqueiras que são faladas e ouvidas com frequência e por mais que sejam utilizadas para educar quando colocadas em tom acusatório, brigando com a criança podem levar a dificuldades nos relacionamentos futuros, e são agravados com a especificidade da crítica vinda por parte do cuidador.
Que periquita feia, que nariz feio, que pé torto e por aí vai…
Realmente atendo muitas pessoas com alterações que podem ser mexidas e melhoradas. O excesso de pele provoca dor na hora da relação, outras sentem desconforto até para andar de bicicleta, e outras mesmo por desconforto e vergonha, quando temos realmente temos algo para ser mexido podem ser abordados, essas dores são legítimas e precisam ser acolhidas. Nesses casos sim, eu indico a cirurgia, porque o benefício é real, e vai ser importante para a pessoa. Porém é preciso ter um olhar atento por parte do cirurgião de modo a entender qual a verdadeira dor da paciente, alinhar as expectativas, e realidades. Por isso eu sempre mostro diversos casos de antes e depois e alinho onde podemos ou não chegar.
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